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Para os físicos modernos o tempo não flui. Se não flui, não passa. Somos nós a dar coerência de movimento a ele. O tempo na visão da física moderna é uma paisagem temporal (timescape), contendo todos os eventos passados e futuros.
O que seria a minha memória se o tempo não passa? Criação e recriação de mim mesmo. Meu Deus! Então quer dizer que o que eu acreditava que havia acontecido, nada mais foi do que construção no presente (aqui e agora) de um fato que eu denominava passado? Exatamente.
Somos operários de nossa paisagem mental. Podemos colocar um pouco de drama aqui, comédia ali, ação e aventura acolá. Vamos criando nossa história como brincamos de origami. Se não está bom ainda, destruímos para reconstruir. A forma do mundo é assim, repleta de liberdade. Você é a criança a brincar de dar formas.
O que é real? Infelizmente, se você queria algo para estar de pé, terei de dizer que não existe. Até mesmo aquilo que você toca, na verdade, não pode tocar a sua pele, pois já está sendo tocado há muito tempo, só que você ainda não estava pronto para sentir. Quando estiver pronto, você construirá o toque, porque ele, de certa maneira, interessa ao seu aprendizado.
Portanto, não somos muito bem o arcabouço de nossa memória, somos mais o calabouço de nossas intenções. Porventura, seja por isso que Jesus tenha nos ensinado: “ame seu inimigo”. Pois somos os nossos maiores inimigos. Tudo dependerá de como encaro o outro, que é reflexo de mim mesmo.
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